Baixo nível do Rio Paraguai em MT pode levar ao desaparecimento de algumas espécies de animais
Baixo nível do Rio Paraguai em MT pode levar ao desaparecimento de algumas espécies de animais
Os consecutivos anos de nível baixo do Rio Paraguai podem resultar numa possível seleção natural das espécies. O ecólogo Douglas Trent, que estuda o Pantanal há mais de 30 anos avalia que, se a seca continuar constante, nos próximos anos só animais de genética forte podem habitar a região.
"Os incêndios também reduzem o número de animais. Só os mais fortes sobrevivem quando tem estresse no ambiente. Isso é um estresse no meio ambiente Os animais mais fortes e individuais vão sobreviver. E eles que vão passar aos filhotes a parte genética forte pra sobreviver também. Natureza não desiste rápido não", contou.
Nesta semana o nível do rio atingiu a marca de 62 centímetros, em Cáceres. O nível médio dos últimos 20 anos para esta época do ano é o dobro. Em alguns trechos, os barcos maiores já não conseguem mais passar e o nível da água está muito baixo.
A doutora em ecologia Solange Ikeda, professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), a seca prolongada está prejudicando a fauna e a flora de um dos biomas mais ricos do mundo, que é o Pantanal.
"Eu estudo as árvores do rio Paraguai, então pensando a partir da vegetação, é normal (os frutos) caírem na água e alimentar esta cadeia, e, se começa a ter diminuição da área úmida, isso não acontece no momento certo. E, se ele não cai na água, não alimenta toda a cadeia, por exemplo, o fruto cai, o peixe come e outro animal come o peixe e chega no topo dessa cadeia alimentar. Então modifica toda uma dinâmica né de uma comunidade de plantas e animais que vivem neste local que são as áreas úmidas aqui do pantanal", disse.
O Paraguai é o principal rio formador do Pantanal e funciona como uma caixa d'água que abastece a maior área úmida do planeta, mas está ficando escassa. Para quem pilota barco agora no rio Paraguai, tem que ter cuidado redobrado, a estiagem chegou mais cedo neste ano.
Os bancos de areia que se formam no meio do rio é um risco para a navegação. Com isso, foi acionado o serviço de dragagem para retirar a areia do leito e assim liberar novamente o canal para a navegação.
A Prefeitura de Cáceres está fazendo uma campanha de racionamento de água e não descarta a possibilidade de racionamento. A água que abastece a cidade vem do rio Paraguai.
De acordo com a prefeita de Cáceres, Eleine Liberato, há uma possível falta de água para a população devido o nível do rio.
"O que nos preocupa é a possível falta de água para a nossa população considerando o baixo nível do rio. Estudos demonstram que durante 50 anos, nunca esteve tão baixo como agora. Nós temos alguns bairros que são distantes, que a força da água para chegar na residência já tem dificuldade", disse.
Para o pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ibraim Fantim, o período de seca pode ir até novembro e a extrema seca no Pantanal podem ser cada vez mais prolongadas.
"O período chuvoso terminou antes da hora e vai até os meses de outubro e novembro, quando se inicia o período chuvoso. A longo prazo, os modelos climáticos indicam que haverá um aumento na frequência desses eventos, então os eventos de extrema seca no Pantanal, vai se tornar cada vez mais comuns e também mais prolongados", disse.
Fonte: g1mt